sexta-feira, 20 de abril de 2012

Brincar no tempo



Brincar no tempo – agosto de 1982

Para que tanto juízo?
Não vamos ser sensatos, maduros, prudentes - nem pensar.
Só por hoje vamos quebrar as regras, roubar no jogo, esconder as cartas, vamos extravasar.
Vamos fazer bobagens, falar asneiras, dessas que o riso chega a sufocar.
Deitar na grama e ver a lua ir embora, esperando o dia, contando as horas, pra ele nunca chegar.
Sentir o orvalho molhar o rosto, beijar na boca, abraçar, cheirar, tocar o corpo como quem vai viajar, sem dia certo para voltar.
Nadar no rio e perder a roupa, esquecendo que no riacho não dá pra morar.
Brincar no tempo do esquecimento de quem ficou de acordar para a sobriedade da vida que, às vezes, nos traz coisas tristes para quem só deseja sonhar.
(Socorro Aguiar)



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