domingo, 10 de junho de 2012

EM ALGUM LUGAR.


 
EM ALGUM LUGAR.

Eu às vezes penso que a vida é um rio que se renova como as palavras. Elas passam, e continuam na sua leveza ou não, mas sempre estão lá.


Às vezes penso como seria se os sonhos nunca chegassem e o azul fosse manchado com a maquiagem que escorre na lágrima da imaginação.

...
Penso muitas vezes na veracidade do encanto da lua, na ciranda dos pássaros que, bailando no ar, anunciam a chegada de uma nova estação

Todo o encanto existente no ar primaveril leva-me a pensar que o amor não é utopia. Ele realmente existe e posso alcançá-lo.

Mas os pensamentos nunca vão embora, como o sol, como os pássaros, que às vezes se calam e vão em busca de flores em outras paisagens

Porque a primavera também vai embora, as flores secam, suas folhas amarelas formam tapetes dourados. Então eu penso que a morte não tem fim

É estranho, mas às vezes vejo o horizonte que nunca se formou. Que a dor é leve, quando temos que acordar do sorriso que o outro já esqueceu...

Penso, muitas vezes, que é no meu silêncio quando geralmente me chegam os poemas - eles já existiam em algum lugar.

Penso que anjos colhem todos os sentimentos, e Deus habita em cada um para fazer florescer o mais belo êxtase da nossa existência.

Às vezes tenho uma certeza tamanha, pensando que alguém mora no sol e que o mar pode sim ser o lar que buscamos e imaginamos ser céu

Quando penso na felicidade nem preciso estar nela, eu, simplesmente, encontro Deus, e com ele vou no mais alto que o espírito pode me levar

Sempre fico inerte diante de seus olhos prateados , penso que tenho tanto para dizer, são tantas palavras que, como as águas dos rios, as vejo irem embora

Elas escorrem para o oceano, mas o rio continua lá, como as palavras que calei ou não as consegui expressar, minha alma chora, meu coração, embora cheio, não consegue transbordar

Acredito que estão escondidas no mais íntimo do meu ser, e falo, com meus botões, as guardarei para mim, jamais as revelarei.

Quando a música começa a tocar, são as palavras que nunca pronunciei, transformadas em poema, em hinos, em prosa e eu me ponho a pensar...

O mais fascinante de tudo Ele diz sorrindo, eternizando em mim esse momento: “Eu sou a tua emoção, tua alegria , até tua dor, todas as tuas palavras, a tua melodia. Eu Sou.”

(Socorro Aguiar)





          
            Sentimentos
Quando o meu coração deixou de cantar teu nome , ó flor?
quando se fechou para a saudade e sem querer não mais vi ?
as lágrimas de cores perversas , mãos de raízes enfraquecidas
que plantei no meu indecifrável inferno; inconsciente fazia eu
e me perdi no tempo , estragando a colheita que a chuva sarou.

Escorreram em mim todas as fantasias , máscaras que não consegui restaurar , são contrárias a tudo que vivo , que sinto e sou, adversas, incompatíveis ao coração. Então as deixei partir...terá sido estiagem de sonhos , desvairados labirintos do ser?

Nua diante do universo , que nem sempre conspira a meu favor, assim estou eu. O porquê de me sentir campeã em batalhas onde a guerra nunca venci , eu não sei dizer... talvez , haja mais força na esperança se juntas à generosidade do perdão.

Desviando a voz do enigma vazio do ser , deveria ter citado versos ao som do violino , deveria ter dançado em você toda minha alegria , viajado nas asas do prazer. Folhas secas me levam do nada para encontrar euforia. Agora , estrangeira em meus sentimentos estou eu.

Deveria ter calado o ciúme na montanha onde o orvalho se fez dor...todos os medos moram lá. Deserto sou eu: agonia do amanhecer , deveria ter chorado mais , trancado no peito o dissabor , gritado mais , buscado razões nos absurdos do amor. Deserto estou eu... no desapego da flor do real desamor.

Socorro Aguiar